Estive em uma reunião, quinta-feira onde,
grande parte da discussão foi o baixo desempenho dos servidores públicos,
particularmente o da UFBA, pois a reunião tratava diretamente dela. Fiquei
pensando estes dois dias, sábado e domingo sobre o jogo de hipocrisia que
sempre serve para a alta administração, nos seus diversos níveis de poder como
trunfo para tomar decisões “em nome da eficiência administrativa" como;
Privatizar
os Hospitais Universitários - EBSER – e depois fazer REDA para prover os cargos
em "caráter emergencial", como vem acontecendo em todo Brasil, tendo
como alegação o compromisso da "Eficiência Administrativa”;
Transferir
dinheiro para as Fundações que, na sua imensa maioria, servem de canais facilitadores
de transferência dos recursos públicos para os bolsos de gestores, professores
e empresários gananciosos, sobe a justificativa da "Eficiência
Administrativa". Ainda bem que esta máscara caiu, pois, a maioria das
Fundações foram afastadas da órbita, principalmente das universidades, pelos
Ministério Público Estadual e Federal, por comprovações de, desvio e mau uso de
dinheiro publico;
Contratar,
por cifras milionárias, empresas de vigilância e limpeza que, além de não pagar
aos funcionários nem recolher os direitos trabalhistas e sociais, ainda fazem
um péssimo trabalho e servem de cabide de emprego para parentes de dirigentes
ou apaniguados com nível de influência;
Criar
regimes diferenciados de contratações públicas, com o argumento de Obras da
Copa, para driblar a “rigidez” da Lei 8.666/93 e a burocracia no setor público
e, mesmo assim, ultrapassar os orçamentos pré-estabelecidos, em todas as obras,
e entregá-las, todas, fora do prazo;
É!!!!
Com tantas decisões catastróficas feitas pelos Gestores e pela Alta Cúpula da
Administração Pública, com o argumento da melhoria da qualidade da prestação
dos serviços "Eficiência Administrativa", vejo que, de fato
precisamos melhorar a prestação dos serviços, qualificar os Servidores e
torná-los mais eficientes e comprometidos, porém vejo que, a mudança
fundamental deve ocorrer na forma de administrar dos escalões responsáveis pelo
planejamento e gestão, a Alta Administração. Esta sim, se mostra ineficiente - ou
mal intencionada – pois, com tantas decisões equivocadas e que sempre terminam em
milhões de reais de perda para a Sociedade e o Estado. Ah!!! ainda tem a farra
dos cargo em comissão que, pela forma de distribuição, passa longe da
Eficiência Administrativa.
Hoje,
basta observar que facilmente veremos que, 60% dos cargos comissionados nos
serviço público, se não chegar a 80%, estão ocupados por Gestores/Técnicos
ineficientes, sem noção nenhuma de organização da Administração, planejamento,
ações, ambiente organizacional e ainda, desconhecem rotinas básicas do seu
ambiente de trabalho, não conhecem as normas que regulam as atividades
administrativas e as responsabilidades dos servidores, tem sérias limitações em
Tecnologia da Informação - usar principalmente um computador - mas estão nos
cargos porque o "perfil" de interesse dos delegatórios não tem
relação com Eficiência Administrativa, mas sim com habilidade de apagar
incêndios, "engolir sapo", bater nas costa e saber pedir e fazer
favores e assim “as coisas andem”!
Vivenciei
boa parte disso durante as duas gerências que assumi e que as entreguei por
entender que esta não é maneira certa de fazer funcionar a máquina pública, bem
como por ter que atuar, justamente com estes perfis de dirigentes públicos,
onde no final de tudo o que importava mesmo era o custo político da decisão a
ser tomada e o impacto na popularidade deste ou daquele superior.
A
realidade no serviço público é preocupante, se continuarmos nesse caminho teremos
um futuro perigoso para as instituições.
Temos
ainda o descaso de parte da categoria com o trabalho e com a missão de ser
Servidor Público, atrelado à desvalorização constante dos salários, a falta de
compromisso dos gestores em construir um serviço público Institucionalizado,
impessoal, transparente, com planejamento estratégico, pautado no desenvolvimento
institucional.
É
preciso que os responsáveis por "pensar a Administração Pública", como
a alta administração se intitula. O façam!!! e sejam capazes de assumir sua
ineficiência e falta de capacidade de tomar decisões acertadas, ou até mesmos
suas intenções obscuras, não reveladas. O que não me parece lógico é que os
servidores não façam parte do corpo diretivo e que lhes sejam atribuídas
responsabilidades pelo caos administrativo que vivenciamos em inúmeros órgãos
públicos pelo país.
Por:
Antonio Claudio
Por: Antonio Claudio