26 de maio de 2013

TRANSPORTE PÚBLICO: BOGOTÁ (COLÔMBIA) INVESTIU NO TRANSPORTE DE MASSA E OLHA A DIFERENÇA PARA BRASIL!

“Aos domingos, algumas avenidas são fechadas à circulação de veículos e aproximadamente um milhão pessoas saem de bicicleta para utilizar estes espaços e as ciclovias”,

Esta é a principal diferença que o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos, Carlos Cordoba, aponta entre os dois municípios nas áreas de transporte e mobilidade 
Airton Goes airton@isps.org.br

“Bogotá, com todas as dificuldades, prioriza o transporte coletivo. Já em São Paulo, a prioridade são os veículos particulares.” Desta forma, o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos, Carlos Cordoba, resume a principal diferença que observou entre o município colombiano e a capital paulista nas áreas de transporte e mobilidade urbana. Ele, que veio à cidade a convite do Movimento Nossa São Paulo e da Comissão de Transporte da Câmara Municipal, participou nesta terça-feira (21/9) do seminário “A experiência de mobilidade na cidade de Bogotá”, realizado na sede do Legislativo paulistano.

No evento, Cordoba se disse surpreso com o fato de existir uma empresa municipal (a Companhia de Engenharia de Tráfego – CET) que:
“está o tempo todo preocupada com a mobilidade dos automóveis particulares, quando a preocupação deveria ser a mobilidade do transporte coletivo”.

Ao iniciar a exposição sobre a cidade em que vive, ele apresentou alguns dados – Bogotá tem 7,2 milhões de habitantes, 1,4 milhões de veículos particulares e 16 mil ônibus – e fez um breve relato da história dos sistemas de transportes lá utilizados desde o início do século passado, passando pelos bondes, trólebus e ônibus. Segundo ele, o ponto comum em todo o período é que o transporte coletivo sempre foi prioritário para o município.

O militante social colombiano usou a maior parte da exposição para explicar o funcionamento do TransMilenio, sistema de transporte de massa de passageiros baseado em ônibus, que representou um grande avanço para a cidade. “Em 1999 aparece o TransMilenio, inspirado no sistema de Curitiba”, relatou.
Hoje, o sistema conta com 84 quilômetros de linhas troncos – que permitem ultrapassagem e onde rodam, de forma exclusiva, 1.205 ônibus articulados –, além de 633 quilômetros de linhas alimentadoras. Estas funcionam com ônibus normais. São realizadas um milhão e setecentas mil viagens por dia
“Além de ajudar a melhorar o trânsito, o TransMilenio provocou uma mudança na cidade”, informou Cordoba, acrescentando que o novo sistema também teve impacto positivo no aspecto urbanístico, na qualidade de vida e até na cultura dos moradores da metrópole. Outra coisa que ajudou, em sua opinião, foram as campanhas educativas que os três prefeitos anteriores à atual gestão realizaram sobre o tema.
Fora os corredores expressos para ônibus, a capital colombiana tem mais de 300 quilômetros de ciclovias – outros 90 quilômetros estão em construção. “Aos domingos, algumas avenidas são fechadas à circulação de veículos e aproximadamente um milhão pessoas saem de bicicleta para utilizar estes espaços e as ciclovias”, comentou o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos.
Os atuais desafios na área de transporte e mobilidade da cidade, pontuou ele, são concluir as obras da 3ª fase do TransMilenio, que estão atrasadas em um ano, definir o projeto e construir a primeira linha de metrô e integrar os módulos de transporte de passageiros, o que inclui a implantação de um sistema semelhante ao “Bilhete Único” utilizado em São Paulo.

“Bogotá tem 7,2 milhões de habitantes, 1,4 milhões de veículos particulares e 16 mil ônibus”

Cordoba reconheceu que ainda existem problemas a serem resolvidos na área de mobilidade, mencionando que a sociedade civil local tem divergências com o atual prefeito em relação ao trajeto planejado para a linha do metrô e ao custo da tarifa proposto para o futuro sistema integrado de transporte. No caso do metrô, Bogotá Como Vamos solicitou mais estudos antes da definição. “Mesmo que demore mais um ano, que seja tomada uma decisão técnica correta”, argumentou.         

Transporte em Salvador - Bahia


A divergência apontada pelo colombiano em relação ao metrô de Bogotá levou Maurício Broinizi, coordenador do Movimento Nossa São Paulo, a estabelecer um paralelo com a polêmica que acontece na capital paulista sobre as três linhas de monotrilho planejadas pelos governos municipal e estadual. “É mais ou menos o que estamos propondo em relação ao monotrilho”, comparou Broinizi. Nas audiências públicas e debates, a maioria dos moradores das regiões onde serão implantadas as linhas do novo sistema tem rejeitado o monotrilho e reafirmado a opção pelo metrô. O Movimento defende que os projetos sejam paralisados e estabelecido um diálogo entre a Prefeitura, a Câmara e a sociedade sobre um Plano Municipal de Mobilidade e Transportes Sustentáveis, que incluiria o tema dentro de uma visão mais ampla da metrópole.




Ao dar sua opinião sobre o assunto, o representante do Programa Bogotá Como Vamos afirmou que a proposta de instalar monotrilho em São Paulo “é um exemplo das decisões que são tomadas de forma isolada, sem se pensar no município como um todo” e que não existem exemplos bem sucedidos no mundo deste novo sistema de transporte. “Em várias cidades estão derrubando os monotrilhos, devido à degradação urbana que provocam”, registrou. Para Cordoba, a discussão sobre a mobilidade tem que levar em consideração a questão social e a qualidade de vida das pessoas.
O vereador Juscelino Gadelha (PSDB), presidente da Comissão de Transporte da Câmara e coordenador do seminário, também se posicionou contra os planos da Prefeitura e do Governo do Estado de implantar o monotrilho. “É uma decisão política que o governo tomou. Não passou por está Casa e está sendo implantado”, lamentou.

“Veículo particular não circula no Dia Sem Carro e rodízio é de dois dias.”

Veículo particular não circula no Dia Sem Carro e rodízio é de dois dias
Após o encerramento do seminário, que integra a programação da Semana da Mobilidade, o coordenador do Programa Bogotá Como Vamos – organização que, na cidade colombiana, tem uma atuação semelhante a do Movimento Nossa São Paulo, aqui na capital paulista – concedeu entrevista à reportagem, detalhando algumas informações. 

Transporte em Salvador - Bahia



MNSP – Como é o Dia Mundial Sem Carro em Bogotá?

Carlos Cordoba – Lá, o nome é Dia Sem Carro ou Dia da Mobilidade. A data também não é a mesma, pois acontece todos os anos na 2ª segunda-feira de março. Por lei, os carros particulares são proibidos de circular no dia e respeitam a regra. Só rodam os veículos do transporte coletivo, as ambulâncias, as viaturas policiais e outros serviços essenciais para a população.

Como vocês conseguiram aprovar uma lei desta?

Nos primeiros dois anos, a adesão era voluntária, como aqui. Mas, em 2001, a população foi consultada, por meio de um plebiscito, e aprovou a medida. 

Existe rodízio de carros na cidade?

Sim e é mais amplo que aqui. Lá, cada veículo particular fica sem rodar dois dias inteiros por semana.
As restrições à circulação de carros particulares são vistas aqui como medidas impopulares e de difícil aprovação... 

Em Bogotá, quando se toma uma decisão desta se é muito criticado, mas depois a população aceita rapidamente. Uma greve do sistema de transporte coletivo, ocorrida em fevereiro deste ano, acabou fortalecendo o apoio da sociedade às medidas. Sem o transporte coletivo, todo mundo saiu de carro para trabalhar e a cidade ficou parada. Então, as pessoas entenderam que não se poderia mais retirar as restrições aos veículos particulares.  


Comentário - Sistema de Transporte de Bogotá 



O sistema de transporte de Bogotá na Colômbia é muito reconhecido devido ao investimento do poder público no modo coletivo, dados fornecidos pelo Sistema Transmilênio confirmam que 69% das viagens diárias são realizadas por veículos de massa, 24% das viagens são realizadas por veículos individuas e 7% das viagens são por ônibus privados, escolares e caminhões.

As principais contribuições analisadas por esse sistema são a criação de corredores de infra-estrutura especializada destinada  ao serviço e ao lazer e a  acessibilidade possibilitada pela criação de passarelas interligadas as estações que contribuem para o acesso rápido e fácil dos passageiros, inclusive os portadores de necessidades especiais, elas possuem sinalização adequada e permitem o conforto e segurança de seus usuários.

As estações do sistema Transmilênio são diferenciadas conforme sua função, são cobertas e possuem bilheteria, o que favorece a rapidez e a comodidade dos passageiros, seu piso é nivelado com o piso interno do ônibus para favorecer a acessibilidade, estando 90cm elevada do chão.
As estações são classificadas em:

Estações simples – Dispostas nos corredores exclusivos, em vias de 500 a 600 metros de comprimento, possui bilheteria para a entrada no Transmilênio.

            Portais – São estações que estabelecem a conexão entre as áreas periféricas da cidade e municípios vizinhos, caracterizam os pontos iniciais e finais da rota. É nessa estação que são realizadas as transferências de ônibus, alimentadores, linhas de transporte intermunicipal e bicicletas.

Estações intermediárias – Realizam a conexão entre os pontos dentro do núcleo urbano, permite transferências entre ônibus e alimentação através do sistema de tarifa única.

Pátios operação, manutenção e estacionamento – É constituído por pátios e garagens destinados a manutenção dos veículos e para estacionamento da frota após a operação, sendo fornecida pelo Distrito.




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