9 de março de 2014

A CRISE DE EFICIÊNCIA NO SERVIÇO PÚBLICO: UMA QUESTÃO DE RESPONSABILIDADE






Estive em uma reunião, quinta-feira onde, grande parte da discussão foi o baixo desempenho dos servidores públicos, particularmente o da UFBA, pois a reunião tratava diretamente dela. Fiquei pensando estes dois dias, sábado e domingo sobre o jogo de hipocrisia que sempre serve para a alta administração, nos seus diversos níveis de poder como trunfo para tomar decisões “em nome da eficiência administrativa" como;
Privatizar os Hospitais Universitários - EBSER – e depois fazer REDA para prover os cargos em "caráter emergencial", como vem acontecendo em todo Brasil, tendo como alegação o compromisso da "Eficiência Administrativa”;
Transferir dinheiro para as Fundações que, na sua imensa maioria, servem de canais facilitadores de transferência dos recursos públicos para os bolsos de gestores, professores e empresários gananciosos, sobe a justificativa da "Eficiência Administrativa". Ainda bem que esta máscara caiu, pois, a maioria das Fundações foram afastadas da órbita, principalmente das universidades, pelos Ministério Público Estadual e Federal, por comprovações de, desvio e mau uso de dinheiro publico;
Contratar, por cifras milionárias, empresas de vigilância e limpeza que, além de não pagar aos funcionários nem recolher os direitos trabalhistas e sociais, ainda fazem um péssimo trabalho e servem de cabide de emprego para parentes de dirigentes ou apaniguados com nível de influência;
 Criar regimes diferenciados de contratações públicas, com o argumento de Obras da Copa, para driblar a “rigidez” da Lei 8.666/93 e a burocracia no setor público e, mesmo assim, ultrapassar os orçamentos pré-estabelecidos, em todas as obras, e entregá-las, todas, fora do prazo;
É!!!! Com tantas decisões catastróficas feitas pelos Gestores e pela Alta Cúpula da Administração Pública, com o argumento da melhoria da qualidade da prestação dos serviços "Eficiência Administrativa", vejo que, de fato precisamos melhorar a prestação dos serviços, qualificar os Servidores e torná-los mais eficientes e comprometidos, porém vejo que, a mudança fundamental deve ocorrer na forma de administrar dos escalões responsáveis pelo planejamento e gestão, a Alta Administração. Esta sim, se mostra ineficiente - ou mal intencionada – pois, com tantas decisões equivocadas e que sempre terminam em milhões de reais de perda para a Sociedade e o Estado. Ah!!! ainda tem a farra dos cargo em comissão que, pela forma de distribuição, passa longe da Eficiência Administrativa.
Hoje, basta observar que facilmente veremos que, 60% dos cargos comissionados nos serviço público, se não chegar a 80%, estão ocupados por Gestores/Técnicos ineficientes, sem noção nenhuma de organização da Administração, planejamento, ações, ambiente organizacional e ainda, desconhecem rotinas básicas do seu ambiente de trabalho, não conhecem as normas que regulam as atividades administrativas e as responsabilidades dos servidores, tem sérias limitações em Tecnologia da Informação - usar principalmente um computador - mas estão nos cargos porque o "perfil" de interesse dos delegatórios não tem relação com Eficiência Administrativa, mas sim com habilidade de apagar incêndios, "engolir sapo", bater nas costa e saber pedir e fazer favores e assim “as coisas andem”!
Vivenciei boa parte disso durante as duas gerências que assumi e que as entreguei por entender que esta não é maneira certa de fazer funcionar a máquina pública, bem como por ter que atuar, justamente com estes perfis de dirigentes públicos, onde no final de tudo o que importava mesmo era o custo político da decisão a ser tomada e o impacto na popularidade deste ou daquele superior.
A realidade no serviço público é preocupante, se continuarmos nesse caminho teremos um futuro perigoso para as instituições.
Temos ainda o descaso de parte da categoria com o trabalho e com a missão de ser Servidor Público, atrelado à desvalorização constante dos salários, a falta de compromisso dos gestores em construir um serviço público Institucionalizado, impessoal, transparente, com planejamento estratégico, pautado no desenvolvimento institucional.
É preciso que os responsáveis por "pensar a Administração Pública", como a alta administração se intitula. O façam!!! e sejam capazes de assumir sua ineficiência e falta de capacidade de tomar decisões acertadas, ou até mesmos suas intenções obscuras, não reveladas. O que não me parece lógico é que os servidores não façam parte do corpo diretivo e que lhes sejam atribuídas responsabilidades pelo caos administrativo que vivenciamos em inúmeros órgãos públicos pelo país.
Por: Antonio Claudio 

Por: Antonio Claudio

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